Para levar a entender todas as implicações da metáfora – especialmente da retórica e das figuras de linguagem -, os oito estudos aqui publicados seguem uma trajetória que vai da palavra à frase e, daí, ao discurso. A retórica, das origens até hoje, sempre tomou a palavra como unidade de referência. Nesse sentido, a metáfora é o deslocamento e a extensão do sentido das palavras. Quando a metáfora é ressituada no quadro da frase, ela deixa de ser uma denominação desviante para se tornar um enunciado impertinente. Émille Benveniste é aqui o autor que permite à análise dar um passo decisivo, a partir da oposição entre uma semiótica, para a qual a palavra é apenas um signo num código lexical, e uma semântica, na qual a frase tem uma significação minimal completa. Ao passar da frase ao discurso propriamente dito (poema, narrativa, discurso filosófico), deixa-se o nível semântico e se chega ao nível hermenêutico. E aqui o que está em questão não é mais a forma da metáfora (como na retórica), nem seu sentido (como na semântica), mas sua referência, isto é, a realidade extralinguagem. A metáfora, em último caso, é o poder de redescrever a realidade, segundo uma pluralidade de modos de discurso que vão da poesia à filosofia. Em todos os casos, falaremos de verdade metafórica .
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